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Rafaela's avatar

Antes de mais, Adriana, sente o meu abraço (a não ser que não gostes de abraços, aí sente só o meu fist bump, ou high five, ou o carinho com que estiveres confortável).

Quanto mais velhos somos, mais difícil se torna fazer amizades. Até que há um ponto, depois dos 30/40, em que estamos tão seguros com a nossa própria companhia, que começamos a fazer amigos a torto e a direito. Pelo menos, é o que eu vejo a acontecer à minha volta, e é a esperança que eu tenho.

Passos a explicar: eu só tive amigos - amigos a sério, de carne e osso - a partir do secundário. E ainda são os meus amigos especiais, que eu não vejo há 3 anos, mas que quando falamos, é como se não tivesse passado nada. Na faculdade, fiz mais uma mão cheia de amigos, mas desses, só uma mantém contacto.

Amigos, amigos, daqueles que ainda mantenho e converso e vejo, são os que eu fiz pela internet. Três das minhas melhores amigas, eu conheci na adolescência, num site brasileiro de Fanfics. E a este grupo peculiar, veio juntar-se aquela amiga da faculdade que resistiu. E agora, os nosso companheiros, também eles conhecidos online.

Estás a ver o padrão?

Introvertidos têm muita dificuldade em fazer e manter amigos. É difícil. Eu entendo. É muito, muito, difícil e cansativo. E é preciso trabalhar para manter as amizades. Mas deixa-me dizer-te uma coisa: os amigos não precisam de ser todos iguais.

Não precisas de falar com eles todos os dias, nem estar com eles todas as semanas, nem estar horas ao telemóvel com eles. A crença de que todas essas coisas são obrigatórias é que estraga muitas amizades. É raro ter ou mandar uma mensagem às minhas amigas, falar ao telemóvel com elas, ou mais raro ainda estar com elas. Estamos espalhadas pelo país e embrenhados nas nossas próprias vidas e só falamos quando há algo para dizer.

Às vezes sinto falta de ir ao café conversar com amigos, ou ir até à praia para ler com alguém, ou ir para uma esplanada à noite apanhar ar fresco. Mas habituei-me a fazer essas coisas sozinha e a não deixar que a solidão me impeça de viver os meus dias. Vivo longe de todos os meus amigos, longe da minha família, só tenho o meu namorado e a família dele. Às vezes torna-se solitário. Mas aprendi a gostar dos meus fins de semana sossegados, a desfrutar dos momentos em que estou com as minhas pessoas, a poder ler enquanto bebo um café.

Enfim. Entendo o sentes, de certa forma. Conheço essa solidão, apesar de ter bons amigos. Conheço a dificuldade em ser presente e ter a presença.

Posto isto, faz de conta que sou uma fedelha de 5 anos com um sorriso desdentado: queres ser minha amiga?

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João Madureira - Nutricionista's avatar

Olá Adriana. Eu também fui tendo poucos amigos ao longo da minha vida. Mas acho que lutar por uma causa ou ter algum tipo de ativismo é uma óptima oportunidade de conhecer pessoas alinhadas com os nossos valores. Quando me tornei vegano, conheci várias pessoas muito fixes, que se tornaram amigas mais chegadas. Se viveres na zona de Lisboa, convido-te a tomar um café quando quiseres e se quiseres.

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